11 de jul. de 2016

Recordar é morrer.

Vou cambaleando entre a vontade insolente de te cercar com toda a realidade que encubro atrás dos sorrisos e gargalhadas infundadas e o receio da obtusidade alheia. Culpo-me por nunca me ter enchido de coragem, uma e tantas outras vezes, e de te dizer do que sou feita. Mostrando ao invés atitudes voláteis de uma menina que fugiu com o medo de ser mulher. Queria partir. Aliás, partiria hoje mesmo conduzindo o único desígnio de me despir de mim mesma; do rosto incógnito que se passeia nas vitrinas; dos passos que adoptam rumos rotineiros. Mas, por vezes, interrogo-me se reconhecerias este corpo despido. Seria um reflexo do que afirmas conhecer? Serias capaz de o abraçar por inteiro? Acredito que não. Sempre calei tudo o que vinha do meu âmago, receando a repulsa e o desdém de olhos transparentes como os teus.

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